Bebê de 2 meses morre à espera de atendimento

Mãe denunciou caso ao Ministério Público e pede Justiça: "Vi meu filho agonizando até a morte"

| CAMPO GRANDE NEWS


Mãe enquanto aguardava atendimento no hospital de Corumbá. (Foto: Direto das Ruas)

Ravy Luiz de Arruda Aldama, de dois meses de idade, morreu à espera de atendimento médico no corredor do pronto-socorro de Corumbá, a 419 km de Campo Grande, na segunda-feira (25). A mãe, Evelyn Arruda, denuncia negligência médica. 'Vi meu filho agonizando até a morte', relata.

Ao Campo Grande News, a supervisora de caixa contou que procurou atendimento na início da noite de segunda-feira. 'O Ravy estava com uma tosse, mas estava bem, o médico disse que tinha uma manchinha no pulmão, mas nada preocupante e ele estava tomando remédio já. No fim do dia, ele estava na cama com o irmão, quando começou a ficar roxo, então eu peguei ele nos braços e saí na rua, gritando por socorro', lembra.

Era por volta de 18 horas e vizinhos a acudiram. 'Nos levaram ao quartel dos bombeiros que era o mais perto de casa'. A residência fica no Bairro Padre Ernesto Sassida. 'Os bombeiros fizeram os primeiros atendimentos e depois fomos encaminhados com urgência ao hospital', discorre.

A mãe lembra que chegou na troca de plantão na unidade. 'Falei que meu filho estava morrendo, para ele parar de preencher o papel e ele falou simplesmente que sem o papel meu filho não saía dali, eu respondi 'vocês preferem esperar meu filho morrer?'. Depois começaram a furar ele e eu falava que ele estava sem ar, ele estava sem ar'.

Nesse momento, um médico teria afirmado que era normal chorar. 'Eles achavam que meu filho estava engasgado com leite, eu falava que meu filho não tinha mamado, que ele não tinha engasgado', lembra. Em seguida, o bebê foi colocado em uma maca no corredor e mesmo em estado delicado, não recebeu atendimento médico imediato. 'Apenas um cilindro de oxigênio', conta a mãe. O equipamento, segundo ela, estava em uma máscara inapropriada, de adulto, que não se encaixava no rosto do bebê.

Mais tempo sem respostas, Evelyn ou a ficar desesperada. 'Eu gritava para os enfermeiros que meu filho estava morrendo, que os bombeiros tinham acabado de reanimar ele e que precisava de atendimento, mas não deram importância, deixaram meu filho morrer no corredor'. Ainda, equipe do hospital teria acionado a polícia para 'conter' a mãe e familiares no local. 'Ao invés de correrem atrás de um médico, foram atrás da polícia para nos tirar dali', lamenta.

Emocionada, Evelyn lembra o quanto suplicou pelo atendimento. 'Fui ignorada, falaram que já haviam solicitado vaga na pediatria e que eu precisava esperar. Eu suplicava, falava que meu filho iria morrer, mas elas diziam que era normal, que bebê chorava mesmo. Só depois que viram que meu filho já estava morto, foi que tentaram fazer algo, que dava tempo, dava tempo, mas não deu'.

Causa da morte - A família questiona a causa da morte apontada no atestado de óbito, assinado por um médico que não estava no local no momento dos fatos, e que, segundo a família teria sido baseada em relatos de terceiros. O documento sugere que a morte tenha ocorrido em decorrência de problemas cardiorrespiratórios acostado a uma suposta cardiopatia congênita.

“Meu marido ficou a manhã toda no hospital tentando pegar o atestado de óbito, ninguém queria liberar, porque ninguém queria se responsabilizar pela morte do meu filho. Quando o laudo saiu alegaram que ele teve uma parada respiratória por causa de um problema no cardíaco. Quando ele nasceu fizemos exames em uma clinica particular e o resultado foi de que meu filho tinha o coração normal, saudável, o médico que assinou nem estava lá no momento, sequer atenderam meu filho para dizer que ele morreu por um problema que os exames já tinham confirmado que ele não tinha', ressaltou a mãe ao site local Folha MS.

A família denunciou o caso ao Ministério Público e Evelyn contou que o marido já foi ouvido. 'Foi ele e outras testemunhas, mas eu ainda não tive condições emocionais de ir. Estou sofrendo, mas não quero que outras mães em por este sofrimento. Era meu segundo filho, foi tão esperado, estou tentando ser forte' finalizou a mãe, afirmando que espera justiça.

O Campo Grande News entrou em contato com a Secretaria de Saúde e assessoria da prefeitura de Corumbá. Em resposta, a assessoria informou que ainda prepara uma nota à imprensa sobre o ocorrido.



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